DEBATE: POSTURA DEFENSIVA I

Vamos iniciar outra série nesse blog nomeada provisoriamente como DEBATE.

Essa série surge acompanhada de um grandee antigo sonho meu de promover o encontro e debate de ideias entre os técnicos e atletas sobre os aspectos do jogo e que isso acontecesse nos inúmeros torneios e amistosos que aconteceram na minha vida mas sempre algo impedia a realização de tal encontro seja uma delegação numerosa, atrasos de viagens, falta de espaço ou de interesse. Agora vai.

Lembro a todos que isto é um debate onde todos podem apresentar suas ideias, discordar ou concordar de outras e pessoalmente acredito que qualquer conceito (técnico, tático, físico ou psicológico) aplicado no basquetebol deve estar em constante construção, seja pela adaptação ou inovação daqueles conceitos existentes, para que possamos extrair dos jogadores a seu melhor desempenho e evolução.

A ordem dos temas apresentados não representa necessariamente a sequência dos mesmos no processo de ensino-aprendizagem do basquetebol.

POSTURA DEFENSIVA

Para muitos, técnicos e atletas, o jogo do basquetebol começa, evolui e se ganha na defesa (Eu acredito no equilíbrio, ataque e defesa). E essa somente irá ser produtiva quando o jogador é capaz de realizar e manter durante toda a partida uma excelente postura defensiva.

Quando escrevo postura defensiva não se prendam apenas a posição do corpo adquirida quando se inciam as ações defensivas, como na foto ao lado e descrita por FERREIRA e de ROSE (2003) como: "Pernas afastadas lateralmente, semi-flexionas, podendo colocar uma ligeiramente à frente; Tronco levemente inclinado à frente; Cabeça erguida e olhar voltado para a cintura do atacante porque as outras regiões do corpo (cabeça, membros superiores e inferiores) podem ser utilizadas para a execução de fintas ofensivas; Os braços deverão estar semi-flexionados à altura da cintura, ombro ou cabeça, dependendo da situação do atacante." 

 

 

Me refiro também a postura mental do jogador em querer defender e atribuir ao sucesso dela o significado de uma grande jogada mesmo que a mesma não termine em cesta, como ocorre normalmente apenas no ato do toco, quando a ação defensiva é visualmente muito bonita e representa a última oportunidade de defesa.

 

No Brasil e em Minas Gerais vejo cada vez menos uma postura defensiva eficiente  por parte dos jogadores em quadra. Durante os Jogos de Minas (antigo JIMI) os jogadores somente se aplicam intensamente na defesa durante a famosa "pressão", nesse momento todos correm, contestam passes, adquirem posições agressivas em relação ao oponente e o mais importante vibram com o sucesso da defesa até mesmo na interceptação de um passe.

 Um trecho da entrevista de Vitor Benite ao blog Bala na Cesta mostrando sua opinião sobre o tema:

 

Bala na Cesta: Gostaria de tocar em um ponto que não sei se você concorda. Noves fora a diferença técnica, o que me chama a atenção em jogos do NBB e da seleção brasileira é que parece se tratar de outro esporte. Com o Magnano a gente vê uma intensidade, uma volúpia, uma força na marcação que a gente não enxerga em jogos do NBB. Você concorda com esta análise? Consegue explicar por que isso ocorre?

Vitor Benite: Concordo integralmente com isso. É uma coisa do ser-humano, que acaba se acomodando no nível que se está naquele momento. É bem simples. O cara quando vai jogar contra um time mais fraco, ele diminui o ritmo e este ritmo acaba se incorporando ao seu dia-a-dia. Com isso, você acaba não fazendo as coisas em seu máximo, na sua plenitude. Quando você está na seleção, você não tem este tempo de acomodação. Ou você joga o seu máximo, ou você fica fora ou perde um jogo importante. Então a nossa cultura precisa mudar. Os jogadores precisam mudar a postura, os técnicos têm que mudar a cultura de treinamento se a gente quer se tornar uma potência. A gente não pode chegar no dia-a-dia e treinar leve aqui só porque o time vai jogar daqui a um mês. Não importa se você joga contra time forte, contra time fraco, o objetivo tem que ser, sempre, atuar dando 100% no ataque e na defesa. E é assim que o jogador cresce.

 

Outra forma de compreender o que foi dito pelo Benite é lembrar-se do ciclo existente entre defesa e ataque. Um atacante sem fundamentos básicos e improdutivo "naturalmente" relaxa o defensor que passa a não ter uma postura defensiva agressiva e contar com o erro do adversário e vice e versa. Quer visualizar isso dá uma olhadinha no video abaixo:

 

 

 

 

Em que momento essa reação deixa de ser uma estratégia e passa a ser uma deficiência no fundamento?

E como o técnico deve interferir e não permitir a criação de uma zona de conforto por parte da atleta?

 

Para não estender muito o post, teremos uma continuação do debate onde colocarei em pauta, a questão física e ergonômica sobre a postura defensiva realizada pela aquela da criança da foto acima e desse cara do lado aqui.

 

Participem!