terça-feira, 27 de novembro de 2012

ALGUMAS ESTÓRIAS SOBRE ESPORTE - I

Nessa série de artigos vou contar a minha experiência, nada agradavel com o esporte em uma prefeitura de Minas Gerais. Mas não vou apenas reclamar do passado vou tambem colocar a minha visão do que poderia e deveria ser feito para uma real politica publica de esporte.
 
Em 2010 quando li em site especializado sobre concursos a aberura de edital para cargos diversos em uma prefeitura em Minas Gerais e entre os cargos o de Treinador Esportivo de Basquetebol, com remuneração de R$ 2.000,00. Parecia e ainda parece um sonho: a oportunidade de uma carreira estavél, bem remunerado, trabalhando naquilo que gosto. Além disso a oportunidade era um uma cidade pequena em expansão e com grande nivel de investimentos e próxima a minha cidade natal onde mora minha família.
 
 Alguns dias antes da realização da prova, a noticia ruim: o concurso é suspenso por irregularidades. Passado alguns meses o concurso é liberado pela justiça e lá vou eu fazer a prova e mais uma surpresa: o cartão resposta foi confeccionado incorretamente. Prova cancelada. Um pouco mais de espera e somente na terceira tentativa de prova, enfim tudo transcorre de forma normal. Tive a felicidade de ser aprovado.
 
O diário oficial convocando os aprovados é publicado e para minha surpresa, meu nome e o cargo treinador esportivo de basquetebol e do atletismo não foram convocados. Após algumas ligações e uma visita a cidade me disseram que a convocação é feita baseada na solicitação do Secretário de Esportes e ao conversar com o sujeito que ocupava o cargo recém criado ele alegou que nunca houve basquetebol naquela cidade e que não havia demanda na cidade. mas ele com certeza convocaria para meu cargo e para o de treinador de Atletismo pois tinha interesse em iniciar e incluir essas modalidades no projeto da secretária de esportes.
 
No ano de 2011, consegui a vaga de professor em escola do município e resolvi aceita-la. Assim poderia iniciar um trabalho voluntário com o basquetebol e também acompanhar de perto a minha futura e prometida convocação. Com três meses de trabalho consegui reunir 20 alunos na escolinha de basquetebol e descobri que acontecia a bastante tempo uma pelada de basquetebol toda quarta-feira que contava com aproximadamente 20 a 30 pessoas.
 
Mais um surpresa: o treinador de Atletismo é convocado e eu não. Novos telefonemas, novas reuniões, até uma consulta ao Ministério Publico e novamente a convocação dependia do Secretário de Esportes e ele continuava com os mesmos argumentos mesmo com os dados que apresentei sobre a minha escolinha e sobre os praticantes existentes na cidade.

Por curiosidade conheci o treinador de Atletismo que confidenciou que não estava dando aula de atletismo, e sim de futsal para atender a tal demanda, alem disso não haviam equipamentos ou espaços para a pratica do atletismo. Também conheci a treinadora de ginástica e ela estava dando aula de ginastica para 3ª idade em diversos núcleos da cidade quando a mesma esperava que sua função fosse relacionada a ginástica de caráter esportivo mas não existiam equipamentos disponíveis para tal. Nessas conversas descobri que os treinadores de voleibol e futsal, que passaram no concurso, já trabalhavam na mesma função na prefeitura mas não como efetivos. Entretanto o treinador de futsal ficou em segundo lugar mas para sua felicidade foram convocados dois treinadores para o cargo, como havia dito acima.
 
Um concurso recheado de problemas, um Secretario de Esportes recém empossado e sua demanda jamais comprovada, funcionários convocados para exercerem funções não relacionadas ao cargo mas estipuladas por um edital com redação dúbia. Esse é só o começo de uma estória que é o retrato das politicas esportivas que existem em todo Brasil.
 
Um Secretario de Esportes tem que enxergar o esporte em suas diversas manifestações: escolar, recreativo, saúde e rendimento e entender que cada uma possui metodologias diferentes mas que quando executados de forma correta representarão avanços surpreendentes na educação, saúde, segurança e na formação do cidadão critico-consciente. É essencial o levantamento de dados sobre o esporte no municipio. Não conhecer a realidade esportiva de sua cidade é um convite ao fracasso das intervenções futuras.
 
A criação dos cargos efetivos especificos e bem remunerados é uma ação primordial para que seja instalada um poltica publica de esporte eficiente no municipio pois permite que profissionais do esporte valorizados e confiantes sejam responsaveis pela construção e execução dessa politica. 
 
Convocar treinadores de outras modalidades para ministrar futsal e ginástica para 3ª idade e justifica-los como consequencia de uma demanda baseado no senso comum, é sinal de mal planejamento. Seja por demanda ou vontade politica o foco em determinada modalidade esportiva, porque não assumi-lo realmente direcionar esforços nesse sentido? Qual o interesse em manter funiconários efetivos fora de suas funções?
 
 

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